Eu sou um metro e setenta e pouco de um corpo com lavas de vulcão correndo nas veias. Um metro e setenta e pouco. Um corpo. Uma alma. Um coração. Eu sou meus passos desengonçados e a minha mania estranha de admirar o céu - aquele tipo de coisa sem sentido. Porque eu só sei sentir, sabe? Sinto muito. Eu sou as palavras que se jogam e carregam um mundo de informações confidenciais. Um mundo, o meu. É sempre assim, talvez num desejo louco de eternizar instantes efêmeros, talvez apenas para ocupar qualquer espaço ligeiramente branco do meu papel, ou da minha pele morena. Talvez as palavras, as tais das palavras, sejam uma tentativa desesperada de não enlouquecer. Nem sei. Desconfio que poesia é mesmo não saber. Eu sou mulher, um metro e setenta e pouco de drama e contradição. E de alma. A lua, no meu jardim, é traiçoeira. Tão linda é, a lua. Eu tento. Chovo sonhos a todo instante Cansei desse negócio de recuar diante de coisas grandes, sabe? Porque ser mero espectador das coisas, simplesmente porque elas são fugazes? Não. Aprendi a voar e posso levar quem eu quiser.
Ayanne Sobral
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