Certas manhãs trazem uma luz diferente.
Um ar de primavera, um pássaro que entrou
por uma fresta do telhado, e anda às voltas na escada, uma voz que se ouve, num eco, e não se sabe o que diz.
A manhã irá passar, como todas as manhãs que nasceram, trazendo uma luz diferente; mas a primavera que ela anuncia colou-se ao rosto com quem nos cruzamos; o canto do pássaro meteu-se na cabeça, como se ele voasse por dentro da memória; e o eco que ouvi ganhou uma voz na tua boca, quando te encontrei e me disseste que havia uma luz diferente, nesta manhã em que tudo parecia igual.
(Nuno Júdice)
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