domingo, 1 de março de 2015

Que assim seja, até quando não for mais pra ser

 

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Olha, já faz algumas semanas que as coisas estão bem complicadas por aqui. Não é por nada não, na verdade é por tudo. Por toda essa saudade, por todos os questionamentos e por todos os por quês que tem dançado dia e noite na minha mente buscando por respostas que não chegam, por chamadas que não acontecem ou por um despertar na ilusória esperança de isso tudo não passar de um longo e torturante sonho. Meu coração parece que foi amassado de uma maneira tão forte que, agora em estado amarrotado, tem doído de modo que chega a ser uma surpresa o fato de que eu esteja conseguido suportar.

Hoje, estou tendo que conviver com sua ausência em todos os aspectos atormentando os meus dias e me fazendo abraçar a saudade como a única maneira possível de tê-lo por perto: através das lembranças.

Quando vou dormir, lembro-me dos seus “boa noites” verbalizados por aquela voz que já imprimia todo o cansaço do dia, seguido por um “eu te amo” que me fazia sorrir enquanto respondia que também o amava. Quando acordo, lembro-me de quando amanhecíamos juntos debaixo do mesmo cobertor nos finais de semana aqui em casa.  E assim, uma lembrança vai ativando outra, outra e mais outra e quando me dou conta, dentro da escuridão das minhas pálpebras, encontro-me presa em seu cheiro, guardada em seu abraço, hipnotizada no seu olhar vago ou tentando ouvir no silêncio da minha caverna o som da sua risada. Ultimamente eu tenho sido feita de lembranças de momentos que fazem doer.

E sinceramente? Quem me vier dizendo que isso logo vai passar, eu vou dizer que não quero que passe. É isso mesmo. Dessa vez não. Não agora. Porque eu sempre tive o desejo de encontrar a pessoa certa e escrever um para sempre que existisse de verdade. Mas para que isso um dia aconteça, eu também preciso ser de verdade. Então chega de acelerar meus sofrimentos e me dar uma falsa garantia de que de fato “superei” tudo. De que estou feliz e/ou melhor, sem. Chega de fazer tipo ou de forçar a barra para limpar as marcas que o ultimo relacionamento me causou, porque a verdade é que ainda está tudo emperrado e eu estou com a garganta cheia de nó. Acho que depois dessa, finalmente conclui que sofrer também é importante.

Agora eu quero sentir. Sentir mesmo, de verdade e com força. Vou chorar tudo o que tiver de chorar. Vou lembrar-me de tudo o que tiver de lembrar. Darei espaço para abrigar e sentir toda a saudade que couber dentro de mim e vou sofrer até o momento em que não houver mais o que querer de volta. É verdade que tudo passa, mas é verdade também que a gente adora fazer as coisas andarem mais depressa do que elas realmente devem, e talvez seja aí que esteja o grande erro. Então se vai passar, que passe no momento certo. Porque deixar para lá pessoas, sentimentos e histórias que por tanto tempo adocicaram o nosso coração nem sempre é simples e fácil como parece ser quando alguém chega e nos diz: “Ah, deixa pra lá! Vai ser melhor assim.” Às vezes a gente precisa é sentir na pele mesmo.

Portanto, agora eu vou ficar aqui, quietinha no meu canto, sem causar espantos, e lidando com os sussurros dos meus prantos. Se sentir a falta dele é a única maneira que eu tenho para de fato senti-lo, que assim seja até quando não for mais para ser.

Wesley Néry

Um comentário:

  1. Adorei o teu texto, revi-me nele e acho que tens mesmo muito jeito para escrever.

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