É muito tênue a linha que separa o “não se importar” com o “não absorver”. O “ser alienado” com o “ser seletivo”. A vida adulta traz coisas lindas, diferentes sensações e novas alegrias, mas junto com ela vêm à tona alguns sentimentos nem tão bons assim. As coisas têm um peso diferente e a lucidez faz com que os medos se alojem com mais facilidade. A máscara da inocência que tapava os olhos cai e a gente percebe que o buraco é mais embaixo e que é preciso cuidado para não cair nele. Ouvir e não guardar, saber e não carregar, sentir e não absorver. Vejo hoje que um dos grandes desafios do cotidiano é presenciar os fatos sem trazê-los pra rotina. Sem sair por aí atraindo como um imã tudo que acontece de ruim. Percebo o quão importante é filtrar, abandonar o que não é possível digerir e deixar só aquilo que for puro. Às vezes deixar pra lá é conservar o que há de bom aqui.
Fernanda Gaona
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