O aconteceria se na primeira crise que você teve sobre a grande
mudança na sua carreira profissional, eu tivesse aberto mão de nós dois?
A primeira resposta que me ocorre é que eu tinha tanto medo de
te perder e acabei perdendo algo muito mais importante... EU MESMA.
Você se mostrava tão inseguro que por amor eu te dei a minha segurança.
Veja só, eu que sempre me orgulhei de ser segura, confiante e independente
estava ali, entregando tudo isso de bandeja pra tentar te segurar e te manter
junto de mim.
A segurança que eu tentei te dar se perdeu... você não soube
usá-la e eu? Bom eu não consegui pegá-la de volta. A partir daí vivi momentos
dolorosos e todas as vezes que tentei te mostrar você parecia prestes a sair
correndo o que para mim significava uma dor mil vezes maior, e eu decidi parar
de te mostrar.
Será que olhando para essa época você consegue perceber o quanto
nos perdemos um do outro? O quanto os momentos épicos, mágicos e que sempre
foram nossa marca registrada se tornaram cada vez mais raros?
Não, eu também não conseguia ver isso com essa nitidez lá trás. O
pouco que eu via ficava ofuscado pelo amor e a obsessão de ter você pra mim.
Hoje eu acredito que deste ponto em diante começamos a construir
nosso fim. Um fim que poderia ter sido como a redução gradativa de um
medicamento que ilusoriamente nos mantem vivos. Sim, essa redução leva um
tempo, tempo esse que tivemos e não soubemos aproveitar.
O fim chegou, adiado por nosso medo de abrir mão do amor, de uma
linda história de amor. E não é que você tentou (eu acredito que
inconscientemente) usar a tática da redução da medicação, mas aí o tempo já não
foi suficiente e tivemos uma bela crise de abstinência e aqui preciso confessar
que a minha durou um tanto mais que a sua!!! Mas PASSOU.
E então posso finalmente te dizer que um fim forçado dói pra caramba,
mas também pode ser libertador!!!!
JULIA FERRARI S.