sábado, 2 de fevereiro de 2013

Até que todos os nossos traços se apaguem

 

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Sei o que é perder um amor quando ainda se precisa dele. Já estiquei todas as pontas dos dedos para trazê-lo de volta, não alcancei mais. Minhas aspirações davam a entender que a parte dos dias que  me caberia viver não passariam de histórias que talvez nunca chegassem a se completar, nem mesmo no papel.

Não tenho a oferecer nada além de um coração cortado, costurado e sem uma moldura traçada para sustentá-lo no ateliê de minhas esperanças. E não há nada que me faça deixar de sentir, mesmo tendo entregue cada folha ao barulho das tesouras.  É com tristeza que vejo esvoaçar cada página de um sentimento meu. Elas pousam serenas num pisoteado chão de festa, que, apesar de ter amanhecido, não  encontrou seu final.

Enquanto escrevo, fico olhando nossas fotografias tentando imaginar se ainda se lembra de nós. Toco o seu rosto com as mãos e o baú se fecha, guardando-nos num momento que não é mais o nosso. Fomos deixados sobre um tempo em que tudo enferruja, a começar pelos sonhos e a terminar pelo coração. Apenas minha caneta nos memoriza. Recordarei, algum dia, o amor que vivemos. Talvez com outra caneta, que não a dessa história que já não nos pertence. Quero me lembrar de quem eu teria sido se tivesse ficado com você. E vou rabiscá-lo neste papel até que a tinta seque e  nossas cores não se misturem mais.

Pipa.

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